Clubbed To Death *
O céu em tons de cinza, o metal frio, batido e encardido cobre a carcaça de toda uma civilização. Ando só, em meio a multidão, tentando me encontrar entre turbilhões de pensamentos. Não importa o que faça, não me sinto tão só. Eu sei que algo esta errado, pois não devo seguir essa multidão e muito menos ter seus pensamentos em minha vertiginosa mente. Quero correr, quero deixar as gargalhadas para trás, quero deixar os pensamentos junto com o meus desejos. Respiro fundo o ar impregnado de monóxido de carbono e dela tento assimilar o pouco de oxigênio que resta. Corro, corro e corro sem parar. Não olho para trás. Em meio a penumbra dos becos fétidos fecho os olhos, pois não as preciso. Mas meus ouvidos capitam toda cacofonia morta da estéril civilização.
O primeiro pensamento claro em minha mente é “O que faço?”, mas nenhuma resposta. O ruído aumenta, a esterilidade quer me consumir. Um turbilhão de pensamento asfixia minha mente “Idiota...” “O que adianta enxergar um pouco além se a teme.” “O que tem feito em prol disso?” “Nada.” “ Palavras,” “ o que são palavras?” “Faz uso do que criticas.” “Finalmente...” “O que aprendeu?” “Nada?” “Para que vive então? Ou melhor para que existe?”. Branco. Abro meus olhos. Meu pé esta preso. Olho em volta e vejo que não sai do lugar. Tiro meu pé do buraco e ela sangra muito mas não sinto dor. Sangue prateado enegrecido cheirando a ferrugem. Os transeuntes passam despercebidamente por mim. Seus desejos e angustias não são mais audíveis. Sim, para que correr? Se sei que nada adianta. A saída esta em mim. Não importa para onde vá se nada mudei....Culpar se só me trás mais pensamentos. Não percebi o paradoxo e cômico que há em tudo isso. Caem a primeiras gotas na minha longa jornada em expurgar toda o sangue estéril até que se torne rubra.
*(nome da faixa 4 da trilha sonora de Matrix)
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